Eu, na minha farsa vivida.
Pseudo-moralista.
Julgo antes de conhecer.
Defensor dos bons costumes,
E da família sadia.
Trai minha mulher com aquela vadia.
Mas, na minha Bíblia, não é pecado foder.
Eu, na minha farsa vivida.
Pseudo-moralista.
Julgo antes de conhecer.
Defensor dos bons costumes,
E da família sadia.
Trai minha mulher com aquela vadia.
Mas, na minha Bíblia, não é pecado foder.
Vento corre frio,
Teu abraço causa mais arrepio.
Fio de navalha são teus olhos.
Me corta a alma.
Vá com calma.
Pois o amor dá rasteira.
Hoje, deitados na esteira.
Na varanda, no nascente domingo.
Você sorrindo.
Mar calmo.
De longe ouço o bater das ondas.
Dia tranquilo.
Teu corpo é feito rio.
Mergulho mesmo sem saber nadar.
E te encontro serena.
Antes eu pensava ser mar.
Basta uma ventania para me agitar.
Me misturo em tuas águas turvas.
Te encontro nua.
De pele e alma.
Eu antes salgado,
Não sei mais se sou mar ou sou rio.
Sorrio apenas.
Deixando esse mistério pra lá.
Levanto um pouco.
Mas sem te acordar.
Faço café. faço poesia.
Deixo o coração respirar.
Volto e lhe beijo a nuca.
Você nem se assusta.
Pronta pra mais uma.
Rio mais uma vez,
Deixa o mar adentrar.
Meu coração,
De tão calejado,
Desconhece a dor.
Ou já se acostumou.
Vento firme bate,
Maré alta invade.
Sirene do peito faz alarde.
Água salgada bate e arde.
É hora de ver mar.
Água do mar afoga a dor,
Afoga amor.
Afoga a amada.
Sal cicatriza.
Mas maresia corrói o coração de lata.
Sangro ferrugem.
Tenho vertigem.
Tenho coração babaca.
Faço da poesia a cura,
Da secura que me tornara.
Bebo água.
Bebo cerveja e cachaça.
Até agora nada.
Parece que o rio secara.
Não chove, não venta.
Água da alma é coisa rara.
Contratei dois índios malditos,
Fazem a dança da chuva,
Mas até agora só mostraram a bunda,
Pois chuva que é bom, nada.
Todo amor gritado,
Corre o risco de ser desperdiçado.
Não que o amor não deva ser visto.
Mas o amor exagerado me incomoda.
E começo de amor é sempre assim.
São tantas juras,
Tantas falas.
Mas e aí?
O tempo passa,
E o amor anuncia o seu fim.
Eu gosto do amor sentido.
Que dá sentido a vida,
Sem cobrar, sem promessas.
E quando menos se espera,
Percebe-se ser eterno.
Ah, o amor é tão terno.
Tão simples que até faz gosto.
Amor gostoso em dia de chuva.
Amor sincero à luz da lua.
E como diz aquela velha canção,
Daquele velho rapaz,
Que como quem não quer nada,
Nos ensina como se faz.
"Amor que não se pede,
Amor que não se mede,
Que não se repete.
Amor."
A vida segue seu rumo.
E nos leva pra lá e pra cá.
Conhecemos tanta gente,
Que aprendemos a gostar.
Não que fosse difícil,
Mas acredito que existem pessoas.
Que não escolhemos,
É a vida que as coloca lá.
E a gente vai convivendo.
Vai gostando, vai sorrindo.
E quando dá por si,
Percebe que é impossível não gostar.
E na vida dei tantos passos,
Uns por escolha,
Outros por necessidade.
Mas, de verdade?
Hoje não me arrependo do passo dado.
Pois nesse meio peito tem espaço.
E tem tanto que sobra.
Hoje bebi, sorri e joguei bola.
Hoje sorri, me diverti,
Sem querer ir embora.
E são nessas horas,
Que se percebe os acasos da vida.
Nosso trabalho, se tornando família.
Sobre o tempo escrevo.
Sob o tempo, escrevo.
Descrevo em versos,
Traços tortos,
Linhas curvas,
Tanto quanto o tempo.
Tempo voa.
Voa longe,
Pouco soa.
Vento voa levando o tempo.
Anteontem era Março,
Hoje já é Dezembro.
Não vi o tempo passar,
Nem vi a barba crescendo.
Lembrança recente,
De mim pequeno.
Com tanto tempo de vida.
Sem vícios, com tanta virtude.
Tempo dança,
Seus passos em silêncio.
Nunca vagaroso,
Nunca lento.
Tempo, tempo, tempo...
Sempre te procuro,
Nunca te tendo.