Amanhece na favela.
Moleque novo,
Pés descalços,
Vai descendo as vielas.
Numa mão traz sua arma,
Objetivo de estimação.
Na outra, a carga,
Pra reabastecer os irmãos.
Seus amigos de infância,
Quase todos já morreram.
Os que sobraram,
Dizem que se converteram.
Vão pra igreja, trabalham.
De servente ou pedreiro.
Todo mês dão dízimo.
Mas às vezes, dão um cheiro.
Mudaram-se os crimes,
Mas o pecado é o mesmo.
Amanhece na favela,
O moleque, pés descalços, dobra a esquina.
Dá de cara com os pm's,
Sacramentando sua sina.
Tenta fugir,
Leva um golpe rasteiro.
Dois tiros,
Um na cara e um no peito.
Choro na favela,
Dia que iniciava,
Agora se encerra.
Mãe desce aos prantos,
Pedindo a Deus pra que não seja o filho dela.
Mas era.
Agora é só choro e vela.
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